Com o nome de Amato Lusitano (Amatus Lusitanus) ficou conhecido um médico português, que nasceu em Castelo Branco, circa 1511, e morreu em Salónica (hoje Grécia), em 1568. Recebeu como nome João Rodrigues e com ele publicou o seu primeiro livro, no ano de 1536, em Antuérpia.
Estudou em Salamanca, onde, em 1532, terminou o curso de bacharel. Regressou a Portugal, onde as suas habilitações foram reconhecidas, em 1533, e passou a exercer medicina em Lisboa.
Partiu para a Flandres e por lá permaneceu durante cerca de sete anos. Exerceu medicina e especializou-se nas propriedades dos simples que tinham sido enunciados por Dioscórides. Deste autor glosou e comentou De Materia Medica, produzindo sobre a mesma dois estudos diferentes: Exegemataque, Antuérpia, 1536; Enarrationes, Veneza, 1553 (57) – reeditada em Estrasburgo, 1554, e em Lyon, 1558. Enquanto permaneceu na Flandres, conviveu com Erasmo, Juan Luis Vives e Conrado Goclenio, entre muitos outros.
Da Flandres partiu para Ferrara, onde, na Universidade, entre 1541 e 1546, ensinou Botânica e Anatomia, tendo aproveitado as dissecações, em corpos humanos, para dissertar sobre o sistema circulatório.
Exerceu, ainda, medicina em Roma, Ancona e Ragusa. A sua conversão ao judaísmo vai, aos poucos, criar problemas ao exercício da sua profissão em países católicos, refugiando-se no Império Otomano, morrendo, com peste, em Salónica.
Do exercício da sua profissão deixou sete centúrias de relatos de doenças, de curas e de comentários sobre as mesmas. Os seus livros foram publicados em Florença e Veneza (as primeiras edições), entre 1551 e 1566, conhecendo reedições em Paris, em Lyon e em Basileia. Dada a importância da sua obra, esta continuou a ser editada e traduzida após a sua morte.
Com este catálogo, João José Alves Dias pretende dar a conhecer, com rigor, as obras que são devidas a Amato Lusitano e que se publicaram durante pouco mais de um século, em muitos prelos europeus.