O espólio documental de Bernardo Pinheiro de Melo, 1.º conde de Arnoso, mais conhecido em vida por Bernardo Pindela, encontra-se, a partir de agora à disposição dos investigadores. Quase cem anos após a morte daquele que foi um dos mais fiéis amigos de Eça de Queirós e, ao mesmo tempo, do rei D. Carlos. A comunidade científica e demais interessados ficam agora na posse de um valioso acervo de manuscritos, cartas, condecorações e fotografias, que representam outros tantos testemunhos de um momento decisivo da história portuguesa. Ao conde de Arnoso, tal como a alguns dos mais influentes e brilhantes espíritos da época com os quais teve oportunidade de conviver e cujo rasto é visível na correspondência que integra este espólio, não desagradaria, por certo, o destino que os descendentes reservaram aos seus papéis, doando-os à Biblioteca Nacional. Aristocrata por nascimento, frequentador tanto da corte dos Bragança como dessa outra corte, a do espírito, que o grupo dos «Vencidos da Vida» representou no último quartel do século XIX. Arnoso deixou atrás de si um manancial inestimável de registos, quer de si próprio, quer da vida portuguesa que lhe foi dado acompanhar a partir de vários pontos de observação privilegiados, do exército às tertúlias literárias, das viagens oficiais do monarca à sua própria viagem, como diplomata, a Pequim, e da Câmara dos Pares à Tapada de Vila Viçosa ou ao iate Amélia .